Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma história fantástica, narrada em primeira pessoa, por um defunto-autor, chamado Brás Cubas.
Brás Cubas faleceu em 1869, aos sessenta e quatro anos, em sua chácara de Catumbi.
A vida de Brás Cubas foi um enorme vazio, conclusão muito próxima a esta que é minha, é possível perceber no Capítulo CLX: Das negativas
“Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro lugar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e direta inspiração do Céu. O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos.
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
Este capítulo é sem dúvida, para mim, o mais bonito de toda obra e olha que toda obra é maravilhosa.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra irônica, que divide o trabalho de Machado de Assis em dois: a fase romântica e a fase realista.
Aliás para a doutrina é exatamente esta obra que inicia o Realismo brasileiro, tamanha a importância de Memórias Póstumas de Brás Cubas para nossa cultura.
Voltando a estória: Brás Cubas bacharelou-se no curso jurídico em Coimbra, local onde foi parar depois de gastar onze contos de réis com Marcela, primeira mulher que aparece na vida de nosso protagonista.
De volta ao Brasil, Brás Cubas conhece Eugênia, que apesar de bela possuía um defeito na perna. O preconceito de Brás Cubas faz com que o romance entre ambos dure pouco.
Na ânsia de se tornar deputado, ambição de seu pai, o defunto-autor conhece Virgília.
Este é o momento de maior ápice de conquistas na vida de Brás Cubas: Ele quase se casa com Virgília e quase vira deputado.
Mas eis que surge Lobo Neves e lhe subtrai a quase noiva e o quase cargo de deputado.
Brás Cubas e Virgília tornam-se, então, amantes e passam-se a encontrar numa casinha em uma rua escondida.
Os encontros amorosos duram até o momento em que Lobo Neves vai exercer a política no interior do País e Virgília o acompanha.
Sabina, irmã de Brás Cubas, tenta, então, arrumar-lhe casamento com nhá-Loló, mas esta falece numa epidema.
Brás Cubas torna-se deputado e volta a reencontrar Lobo Neves e Virgília, mas a beleza já a abandonara e é o fim do romance entre ambos.
Ao final, Brás Cubas adoece em virtude de uma moléstia que apanhara em decorrência de sua dedicação exclusiva ao emplasto Brás Cubas.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma grande obra. Cursei um semestre inteirinho dedicado a Machado de Assis e 90% das aulas foram dedicadas a esta obra.
Há um universo de segundas intenções escondido atrás da obra o que a torna ainda mais apaixonante.
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